O boi selvagem

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Em uma negociação de gado, um fazendeiro adquiriu um boi amarronzado de chifres curtos. Os olhos escondiam na serenidade a verdadeira identidade do marruco. Seu nome era zangado.
Zangado foi a dor de cabeça do criador de gado. A natureza do boi era praticamente indomável. Descobriu-se que era boi selvagem. Tinha em seu DNA as marcas de bicho brabo.
Ainda assim, o fazendeiro demonstrou calma. Alimentava seu boi devidamente e o conduzia ao pasto todos os dias. Dava-lhe ração balanceada e o punha sob o cuidado de veterinário apto.
Um dia, o boi arrebentou uma cerca e destruiu parte do milharal que desabrochava espigas. Vários bezerros e outros animais o seguiram e a destruição foi extremamente prejudicial ao proprietário.
Seu dono pensou em sacrificá-lo, mas pensou que ainda haveria alguma maneira de acomodar seu boi estimado. Colocou-o de quarentena. Ficou fechado na cocheira por umas duas semanas.
Certo de que acalmara sua criação, o seu dono o soltou. Agora, enfurecido, começou a atacar outros bois, novilhas e gado miúdo. Ele perdeu seu ‘controle’ emocional.
Ele estava atrapalhando a manada e não atendia seu principal capataz. Até bois mais novos começaram a fungar dentro do curral. O limite havia chegado. O dono pensou no que fazer.
Os que conheciam a história nem se aproximavam para negociar. O boi era recusado. Alguém contou que ele, em certa ocasião, perseguiu uma novilha, e que quase a matou.
O dono, então, abriu a porta da cocheira deixando livre o caminho para seu boi ir embora, fugir, mas ele não foi. Não encontraria trato como ali em nenhum sítio, fazenda ou chácara.
Lá está o boi zangado. Alimentando-se e dando dores de cabeça ao fazendeiro.
O bom homem deixou-o permanecer ali até o dia de sua morte, tolerando-o e suportando seu jeito estranho de ser. Poderia sacrificá-lo e levá-lo para o açougue, mas preferiu deixa-lo viver.
“O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Pv 29.1.

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